sábado

A regência

Dom Pedro tinha cinco anos na época em que herdou o Brasil, na ausência de herdeiros pela Constituição de 1824, o Brasil deveria ser governado por uma regência, sendo na de Pedro de Araújo Lima, a regência em que foi dado o golpe da maioridade.

Maioridade


Dom Pedro era considerado um símbolo vivo de unidade do país, posição que lhe dava diante da opinião pública, uma autoridade maior do que qualquer outro regente. Uma demonstração clara do desejo de se tornar imperador D. Pedro, foi o surgimento de uma quadrinha popular da cidade do Rio de Janeiro:
“ Queremos Pedro II
Embora não tenha idade!
A Nação dispensa a lei
E viva a Maioridade!”

Segundo Reinado (1840-1889)

Foi colocado, assim, aos 15 anos Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo, um jovem louro, alto e de olhos azuis com o título de Sua Majestade Imperial, dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil no trono, em um cenário de luta entre os partidos Liberal e Conservador, onde os políticos disputavam ferozmente o poder, achando que seria fácil dominá–lo. A princípio, o governo de D. Pedro pareceu o triunfo dos liberais sobre os conservadores, porem em questão de um ano o jovem imperador não era mais um mero observador dos acontecimentos, ele começara um amplo trabalho de conservação política apartidária com aplicação de diversas medidas reacionárias como a criação do Conselho de Estado e a reforma do Código de Processo Criminal, que deixaram clara sua disposição de retomar a cúpula do poder.Homem culto e ilustrado, D. Pedro protegeu diversos artistas, escritores, e cientistas, tendo mantido correspondências com dezenas deles: Lewis Carrol, Julio Verne, e Victor Hugo.
Mas o Imperador não se preocupava apenas com as artes e a literatura. Mostrando-se um homem a frente da época que vivia, cuidou da ecologia, construindo um jardim botânico em Manaus e reflorestando parte do maciço da Tijuca no Rio de Janeiro.
Dessa forma, D. Pedro consolidou a soberania nacional, incentivou o progresso do país. Outra prova disso, são as inveções trazidas por ele como: a primeira estrada de rodagem “União em Indústria”, a primeira locomotiva a vapor, o cabo submarino, o selo postal e o telegrama. Fazendo do segundo reinado uma época de grande progresso com crescimento e consolidação da nação brasileira como um país independente e importante membro entre as nações americanas.
Selo postal da época.

Os conflito internacionais durante o Segundo Reinado

Apesar de ter representado um período próspero e pacífico se comparado com o período regencial, durante o Segundo Reinado o Brasil envolveu-se em alguns conflitos internacionais. Com a Inglaterra houve o episódio que ficou conhecido como Questão Christie. Os dois países chegaram a romper relações diplomáticas (1863-1865).
Para preservar interesses econômicos e políticos, o império também entrou em luta contra os países platinos. Primeiro foi a Intervenção contra Oribe e Rosas (1851-1852), presidentes do Uruguai e Argentina, respectivamente. Depois, a Guerra contra Aguirre (1864-1865), presidente do Uruguai.

A economia

Mesmo com os diversos avanços científicos e o grande incentivo cultural ocorrido durante o segundo reinado, o Brasil ainda era extremamente atrasado, com agricultura arcaica, indústria quase inexistente, transportes e comunicação precários, uma dívida externa colossal e altíssimos índices de analfabetismo (92% da população em 1850) e miséria. Entretanto se observarmos atentamente algumas observações, a economia brasileira apresentou uma taxa de crescimento bastante elevada, comparável à dos Estados Unidos e ligeiramente superior a da Europa Ocidental! O que ao mesmo tempo levanta uma questão: Qual a causa desse rápido crescimento?

A Economia Cafeeira.

A partir do inicio do século XIX, o hábito de beber café alcançou grande popularidade na Europa e nos Estados Unidos. O número de consumidores internacionais crescia de forma espantosa. Justamente na fase em que o país atravessava sérias dificuldades econômicas, o café despontava rapidamente:
Tabelaaaaaaaaaaaaa

Fatores responsáveis pela expansão cafeeira:
- O clima e o tipo de solo do sudeste brasileiro favoreciam amplamente o desenvolvimento da lavoura.

- As terras da região eram muito baratas .

- O café podia ser conservado com métodos e equipamentos rudimentares.

- Não era necessária a mão-de-obra especializada, assim foram utilizados os escravos normalmente.

- A ampliação da rede ferroviária e de estradas que facilitaram o escoamento do café e fizeram parte de uma das maiores conseqüências no crescimento na economia do país.

Além de possibilitar a recuperação da economia brasileira, a cafeicultura deu origem a classe social mais poderosa da sociedade imperial: os barões de café que próximos á capital (localizados nas regiões da Baixada Fluminense, Vale do Paraíba e posteriormente), passou a exercer grande influência na vida econômica e política do país.

O fim do tráfico negreiro

Em 1850, foi extinto o comércio der escravos para o Brasil, pela lei Eusébio de Queirós. A abolição do tráfico representou um golpe mortal para o sistema escravista brasileiro e para a elite cafeicultora, cessando a única fonte de abastecimento do sistema a mortalidade dos escravos era maior que a natalidade devido às péssimas condições em que viviam os escravos: era o começo do fim.
Como conseqüência, o governo imperial e os fazendeiros intensificaram os esforços para incrementaram o trabalho remunerado. Havia basicamente duas soluções possíveis:

- Transformar os escravos em assalariados.

- Promover a vinda de imigrantes europeus.

A princípio a solução que parece mais fácil é a primeira: dava-se liberdade aos escravos e pagava–se–lhes um salário, o que os motivaria a produzirem melhor! No entanto, não era assim que a elite da época pensava. Se o trabalho passasse a ser remunerado, era melhor pagar um branco do que um negro, pois na concepção da elite, o branco era tido como superior, honesto e inteligente. Com essa linha de raciocínio racista, um fazendeiro considerava idiotice e desperdício pagar salário a um negro.
Restava apenas a última hipótese: a vinda de trabalhadores estrangeiros, que sob o ponto de vista da elite, tinham a grande vantagem de serem brancos. A partir daí, se iniciaria o movimento migratório de europeus, que cresceria significativamente nas próximas décadas.

Tentativas de industrialização

Com o fim do tráfico negreiro pela lei Eusébio de Queirós, grande soma de dinheiro até então destinado à compra de escravos passa a ser aplicado em outros setores da economia. Além disso, essa tinha outros dois fatores que favoreciam a formação dessa: o espírito nacionalista da época, ilustrado muito bem nesse trecho do livro “ A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo: “...ordenou que não fumasse charutos de Havana nem de Manilha, porque era falta de patriotismo.”. E a elevação de impostos sobre importados, estimulando (aliada aos outros fatores já citados) a fabricação de produtos nacionais semelhantes como a indústria de sabão, vela, chapéu, cigarro, cerveja, tecido de algodão, o surgimento de mais bancos, empresas de navegação, ferrovias, companhias de seguro, entre outras implantações que intensificaram a urbanização durante o segundo reinado.
No entanto ainda não podemos falar em industrialização brasileira. Os investimentos no setor industrial ainda eram muito baixos. A elite formada exclusivamente por senhores rurais, se desinteressava por tudo o que fosse relativo à indústria, (ausência de burguesia industrial), em função disso, diversas fábricas sobreviveram precariamente, ou simplesmente desapareceram. Sendo assim impossível a industrialização durante o império de Dom Pedro II.

quinta-feira

Literatura&Imprensa




Imprensa




Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, nunca o Brasil desfrutou de tanta liberdade de expressão quanto no segundo reinado. O Imperador a defendia por convicção e não por conveniência, permitindo o anonimato e até não punindo críticas publicadas sobre o governo.
Assim, vinculada à literatura ( Romântica na época) e à iconografia (charges e caricaturas) a imprensa ( principalmente a periódica) compunha um verdadeiro cenário sócio–cultural do período. Fosse com seus artigos impregnados de influências européias de autoria de uma pequena elite ou com os anúncios que expremiam a vida coletiva, o jornal através dos que o liam ( ou mesmo o ouviam) dava a luz a um “reino da opinião pública” do qual além de reunir grupos com afinidades políticas e culturais, possibilitava a discussão de idéias e doutrinas ( por mais que prevalecesse as da elite, na maior parte das vezes controladora dos meios impressos)
Dessa forma podemos considerar a mídia imprensa como um palpável agente histórico, fundamental para o esboço do período retratado, e não como um retrato real do que acontecia.

Fascículos periódicos famosos no segundo reinado

O Dezenove de Dezembro / Gazeta do Rio de Janeiro / Idade de Ouro do Brasil /

Compilador Mineiro / O Conciliador do Maranhão / Matutina Meyapontense /
Diário do Governo do Ceará / O Natalense / O Paraense /
Recopiador Sergipano / O Catharinense / Diário de Porto Alegre

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O folhetim


Assim chamados os romances que eram publicados em jornais, o folhetim teve seu nome derivado de “folhas internas” por se tratar um sub-produto, apresentado internamente e nunca em destaque. Surgidos pela primeira vez em Paris, tinha um texto popular. Embora herdeiro direto do foulleton francês, o folhetim brasileiro (responsável pelo grande aumento da tiragem dos jornais durante meados do século XIX ), seguiu um modelo bem diferenciado. Apesar de ter seguido a mesma temática (intrigas, desencontros, coincidências, casamentos, a vida de estudantes) se dirigiu a um outro tipo de público, se restringindo a um círculo de leitores bem limitado: com a grande porcentagem de analfabetos no país, e uma população composta significativamente por escravos, os folhetins delimitaram – se às elites, principalmente às moças da alta sociedade.

Um exemplo de folhetim é a obra “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida publicado no jornal a Partilha de 1853 a 1859, que considerado uma espécie de “voz da exceção” do Romantismo, narra com uma linguagem jornalística uma espécie de sátira da sociedade carioca na época da chegada da Família Real ao Brasil.




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Literatura

Nas primeiras décadas do reinado de Dom Pedro II, o romantismo atingia seu auge no Brasil. Foram muitas as tendêcias da arte romântica, mas sobresairam-se três delas, o que chamamos de gerações nacionalistas, ultra-romântica (o mal do século) e a social que não abordaremos neste trabalho por desportar na segunda metade do século XIX.

Traços gerais:
-Liberdade de expressão.
-Uso da imaginação
-NaEuropa, reaparecem os motivos medievais, numa tentativa de resgatar o passado histórico e os heróis nacionais.
-Volta ao passado com a valorização da infância.
-Subjetivismo valorização do "eu".
-Pessimismo, com expressão de dores, sofrimentos.
-Fuga da realidade, evasão, escapismo.
-Busca de refúgio na natureza, que aparece reflexo do estado de espírito do artista.
-Aversão ao formalismo clássico. Conseqüentemente, o conteúdo passa a ter mais importância que a forma.


Primeira geração

Características:



Nacionalismo (exaltação da pátria e de sua natureza);
Indianismo (como o romantismo buscava uma retomada à Idade Média e de seus cavaleiros medievais, inexistentes aqui no Brasil colocou-se o índio idealizado como herói)
Saudosismo (o poeta sente saudades de seu contato com a natureza, infância e pátria)








Destaque: Gonçalves Dias (1823-1864)

Implantou e solidificou a poesia romântica em nossa literatura buscando captar a sensibilidade e sentidos do nosso povo,criou obras vontadas para o índio e para a natureza brasileira em linguagem simples e acessível.Seus versos tais como "Canção do Exílio" são melodiosos e exploram métricas e ritmos variados.
Sua obra poética inclui gêneros lípicos e poéticos.Na épica conta feitos de heróicos de índios valorosos e na lírica tem como tema a pátria, a natureza, Deus e o amor não correspondido.

Obras principais:

1843Canção do exílio
1846 – Primeiros cantos
1846Meditação
1848 – Segundos Cantos
1848 – As sextilhas de Frei Antão
1846Seus Olhos
1857 – Os timbiras
1851I-Juca-Pirama
1858 – Dicionário da Língua Tupi chamada língua geral dos indígenas do Brasil



Segunda geração


Características:

O mal do século -Spleen

Individualismo Subjetivismo

Egocentrismo

Sentimentalismo

Saudosismo

Insatisfação

Escapismo

Morbidez

Pessimismo

Amores impossíveis






Destaque: Alvares de Azevedo(1831-1852)



Sem acreditar nas idéias da sociedade convencional essa segunda geração romântica sentia-se"uma geração perdida". A forma encontrada pare expressar seu pessimismo, foram as realizações de obras como as de Alvares de Azevedo e suas temáticas sobre o amor impossível, a virgem inatilgivel e a morte como solução para todos os problemas.Assim o poeta em suas poesias escapa para lugares escuros e soltários como no poema" Idéias Íntimas", não falando no mundo exterior, apenas de si.

Outro traço constante na obra poética de Alvares de Azevedo é a irônia forma não passiva de ver a realidade, empregada pelo poeta como recurso para quebrar a noção de ordem e abalar as convenções do mundo burquês.

Principais obras:



1853 - Lira dos Vinte Anos

1855 - Noite na Taverna


1866 - O Conde Lopo


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O romance romântico no Brasil.

O romance romântico brasileiro começou na década de 1840, seguindo as tendências folhetinescas francesas. Depois de algumas tentativas mal sucedidas no gênero, o primeiro romance brasileiro propriamente dito foi “A Moreninha”(1844) de Joaquim Manuel de Macedo(1820-1888).
Nascido em meio de uma busca pela identidade nacional brasileira e identificação dos espaços nacionais, o romance romântico brasileiro se ramifica basicamente em quatro vertentes:
Romance Indianista:
Impulsionado pela filosofia do bom selvagem Rousseau, esse tipo de romance é característico pela idealização do índio, que em lugar do cavaleiro medieval, foi personificado como herói.


Algumas obras:
“O Guarani”, de José de Alencar.


“Iracema”, de José de Alencar.


Romance Regionalista:

Prucurava valorizar as características étnicas, lingüísticas, sociais e culturais que marcaram as regiões do país e as diferenciaram uma das outras, apresentando, porém, um retrato idealizado das regiões muitas vezes.


Algumas obras:
“Tronco do Ipê”, de José de Alencar.
“Inocência”, de Visconde de Taunay.

Romance Histórico:


Revela um resgate da nacionalidade a partir de uma visão poética e heróica das origens nacionais. É comum ocorrer a mistura de mito e realidade.
Algumas obras:


“As Minas de Prata”, de José de Alencar.
“A Guerra dos Mascates”, de José de Alencar.



Romance Urbano:

Retrata o ambiente da aristocracia, seus hábitos, costumes refinados, padrões de comportamento, o dia-a-dia da Corte, saraus e salões do tempo de D. Pedro II.

Algumas obras:

"A Moreninha", de Joaquim Manoel de Macedo.
"Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel de Antônio de Almeida.

Arquitetura




Com o auge de bailes, saraus e reuniões, cresceu a necessidade da ampliação das áreas sociais nas residências. Coube ao estilo neoclássico tal sofisticação: agora, acolhia-se as visitas em saletas, salas de música gabinetes e salas de jantar, (nas casas abastadas, afastou – se até os escravos do interior das casas, onde passaram a trabalhar serviçais estrangeiros para “combinar” com os inovadores requintes). As mulheres, acompanhando as mudança, aos poucos ganhavam a liberdade de ir, vir, aparecer e receber seus convidados nos novos requintes.


Tanto no interior quanto no exterior, a casa brasileira buscava exibir a ascensão sócio – política dos moradores. Em uma compatibilizarão, a mobília colonial foi dada a pessoas de menor posse, no lugar foram empregados móveis ( na maioria importados ) de madeira com aplicações de bronze, de bronze, de aspecto sóbrio, de linhas simples e sóbrias, ( como ditava a moda francesa, grande influenciadora nas construções e como nos móveis) e pinturas e espelhos elegantes para decoração.




Mais figuras:


Pintura

Durante o segundo reinado a academia de artes do Rio de Janeiro e as bolsas de estudos no esterior consedidas pelo imperador aos artistas da época, contribuiram significativamente na formação de pintores brasileiros especializados na chamada pintura histórica que apesar de serem repletas de idealizações, principalmente do indígena podem ser consideradas belíssimas para a formação de uma identidade nacional na arte.

Principais obras de arte:



A Primeira Missa no Brasil, de 1861.


1864 Imperador D. Pedro II, por Victor Meirelles.

Filosofia religiosa

O Catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891. Porém salvo uma minoria, a doutrina católica não era vivenciada profundamente. Na verdade, a Igreja, no Brasil em meados do século XIX, mostra-se um tanto fraca institucionalmente. A grande massa da população seguia um ecletismo religioso, misturando o catolicismo á crenças indígenas e de procedência africana. Os membros da elite eram católicos apenas por prestígio e tradição: casavam os filhos, participavam de batizados e enterros mais preocupados com as aparências do que com a fé. O povo freqüentava procissões e festas religiosas que só para integração social, quebra da rotina ou por diversão. Brotava a religião popular, pouco vinculada à Igreja oficial, rica em costumes locais, no entanto pobre em organização, liderança e fé.
Mais outros dois fatores contribuíram para tal enfraquecimento da Igreja Católica brasileira, ocorrido na época: A imprensa, que passara a ser o “reino da opinião pública”, o referencial cultural da população, com grande poder de influência sobre as pessoas. Segundo fator: a Igreja se estabeleceu através de influências políticas ao invés do engajamento religioso e de um poder organizado por seus próprios recursos, dependendo quase completamente do poder do Estado e ficando à mercê de decisões políticas e da política imperial.

Educação no Segundo Império

O ensino brasileiro ou “Escolas de Primeiras Letras” foi praticamente ignorado pelas autoridades brasileiras, durante todo o período imperial. O total abandono da instrução pública oficial cedia lugar às instituições educativas das ordens religiosas, ficando nas mãos da Igreja Católica a primazia na formação dos futuros líderes do país. No Rio de Janeiro, o elitista e fechado Colégio D. Pedro II, era freqüentado apenas pelos jovens das famílias ricas, os quais eram privilegiados com a dispensa de seleção (os chamados Exames Preparatórios). O ensino superior limitava-se às Academias Militares, Escolas de Medicina de Salvador e do Rio de Janeiro e às Faculdades de Direito de Olinda e de São Paulo (fundadas em 1827). Das salas de aulas dos cursos jurídicos (também locais de saraus e boêmia) saíram quase todos os políticos brasileiros (daí o discurso vazio). Enquanto a primeira Universidade dos EUA data de 1638, no Brasil, a tentativa de fundação de uma Universidade Brasileira (em 1848) foi barrada. A mentalidade agroexportadora das classes dominantes e a importação de serviços de firmas inglesas (estas responsáveis pela realização de quase todas as obras de engenharia no período monárquico) atrasaram a criação de Cursos de Engenharia no Brasil. Deficientes, esses cursos apareceram (no Rio de Janeiro, em Minas e São Paulo) somente nas últimas décadas do Império e nos primeiros anos da República.

Saneamento na capital do império.

Desprovida ainda de esgotos e canalização de água, a população carioca se abastecia nos aquedutos e fontes ou nos poços existentes nas residências e chácaras particulares. Os decretos que estabeleciam a maneira de se concederem as águas nos aquedutos públicos da corte para serventia das casas tinham sido baixados apenas em 1840 e 1843 e somente em 1850 foi reorganizado o serviço sanitário. As ruas eram esburacadas acumulando a água da chuva, e em geral estavam imundas de lixo. Tais condições precárias e a ausência de um saneamento básico acabou por acarretar diversas epidemias em um momento em que a medicina engatinhava no que diz respeito a vacinas e tratamentos, assolando a população inúmeras vezes.

Higiene

Em meados do século XIX, começou-se a dar mais ênfase à higiene pessoal, antes freqüentemente desprezada, vista como exagero ou frescura.
Felizmente, no Brasil o banho (costume herdado dos indígenas), já fazia parte do cotidiano dos brasileiros podendo ser tomado em banheiras (nas casas mais ricas) ou em bacias, como podem observar em um trecho do livro “A Moreninha”: “É inútil descrever o quarto de um estudante ao muito acharão... o chapéu, a bengala e a bacia...”. Essa podia ser utilizada (dependendo do tamanho) ser usado para lavagem de roupas, higiene rápida e ainda banhos de corpo inteiro, seguindo-se o seguinte ritual: primeiro se lavava o rosto, a cabeça, depois assentava-se e lavava-se o tronco e finalmente, de pé, lavava-se as pernas e os pés.
Outro costume era a higienização das mãos, realizadas por todas as classes sociais.

As vestimentas

Quanto a moda, sofreu grande influência francesa, com tecidos pesados para um país tropical como o Brasil.

Moda feminina: eram elegantes saias-balão, corpetes bem ligados aos bustos, mangas presuntos, anquinhas, xales de toquim.


Uns versinhos do tempo traduzem essa cobiça:

"Meu papai eu quero seda,
Quero um xale de toquim.
Quero um anel de brilhantes,
Quero um leque de marfim."


Moda masculina: chapéu viveiras, boinas, babados e casacas.



Estereótipos de beleza: cintura fina, bustos fartos, para as mulheres e cabelo cacheado para os homens.

O teatro

O teatro sofreu grandes influências românticas na temática de suas peças, o que ajudou muito na estabilização do teatro nacional, devido ao espírito nacionalista e pela quebra com o formalismo clássico anterior.
Nomes importantes do teatro: Martins Pena, com as prestigiadas e inovadoras comédias de costume; Joaquim Manuel de Macedo, com peças que destacavam o mito da grandeza territorial do país, da igualdade entre os brasileiros; o dramaturgo Arthur Azevedo; Gonçalves Magalhães; Álvares de Azevedo e João Caetano, citado até no livro “A Moreninha” : “...Pagará um camarote no primeiro drama novo que representar o nosso João Caetano.”

A música

Também recebeu grande influência européia, sendo muitas vezes abrasileiradas. Danças importantes: polca, verdadeira mania da época, gerando inclusive em nível de vocabulário o neologismo "polcar", com títulos bem humorados como: “É isso que a moça gosta”, “Com farofa” e “Durmam-se com um barulho deste” e os chamados duelos ou perguntas e respostas: “Que é do da chave / Da chave é”, “Olhos travessos/ Olhos quietos”, “Gago não faz discurso/ Dentuça não fecha a boca”, que dariam origem às futuras marchinhas de carnaval e o choro.
Outras danças famosas na época eram: valsas, quadrilhas (que receberam diversas influências do movimento nacionalista) e o samba.
O piano já era muito comum nesse período, sendo importado por outros instrumentos da França e Inglaterra, assim, a música se difundia facilmente por todo país. Outros grandes responsáveis por essa difusão da música são os impressores: Hohn Ferguson & Crockaat, Francisco Chenot, João Cristiano Muller, e Pierre Laforge.
Compositores renomados: Henrique Braga e Antônio Carlos Gomes, autor de "O Guarani", inspirado no romance de José de Alencar.



Manuscrito do "Hino em Aplauso do Faustíssimo do Aniversário Natalicio de S. M. A Imperatriz do Brasil", para canto e piano, composto por Eleutério Feliciano Sena, em 1848. O álbum é encadernado em veludo verde, com arabescos em ouro. O papel de música tem pautas azuis, cercaduras douradas e pinturas em aquarela. Documento da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Seção de Música, Obras Raras.

O futuro Imperador D. Pedro II é mostrado,
nesta aquarela de Armand Julien Palliére
(1784-1864), com um tambor com as cores e o escudo da Guarda Imperial. Museu Imperial de Petrópolis, RJ.


As comemorações nacionais

Devido à afirmação do Estado - Nação no período imperial, tornaram-se muito comuns festas nacionais, algumas restritas apenas certas parcelas da comunidade, outras, práticas sociais, culturais e políticas. Todas, momentos históricos de grande importância cultural, vinculadas à idéia de comunhão e nacionalidade.

Sarau: literatura&música

As reuniões domésticas eram uma forma de passar o tempo, e nelas aconteciam as "leituras". Escolhiam-se um livro e um dos participantes lia histórias em voz alta para distrair os demais. As pessoas se encontravam também nos saraus, nos quais diversos tipos de músicas eram tocados e cantados como, o Samba. Nessas reuniões, as pessoas também jogavam cartas, dominó, damas e, principalmente os homens, discutiam política.